A tragédia da Boate Kiss é o marco mais importante da história recente da cidade de Santa Maria. Diante disso, notamos duas atitudes em relação a referida tragédia: por um lado há agentes públicos e privados que querem esquecer, por outro há grupos de pessoas que querem manter viva a lembrança em respeito às vitimas e, acima de tudo, para que não se repita.

Nos identificamos com o segundo grupo e entendemos que podemos contribuir a partir de uma manifestação artística que objetiva registrar a memória do fato, as histórias e a dor dos envolvidos, ampliando a compreensão local e levando tal narrativa para além dos limites do município, se possível para diversos lugares pelo mundo.

A fotografia autoral é o nosso meio de expressão, o modo com o qual conseguimos transmitir e contar histórias aos outros. A fotografia é uma linguagem universal, transcende as limitações da língua, e é um dos mais poderosos veículos das emoções.

A técnica que trabalhos se chama Colódio úmido (wet plate collodion), foi criada em 1850 e é raríssima no Brasil. Do nosso conhecimento, sabemos que existem pouquíssimas pessoas que sabem realizar esse procedimento atualmente no país.

Diferente da fotografia digital, que é um processo facilitado pelos equipamentos e bastante vulgarizado, a fotografia em colódio é realizada a partir da mistura de certos químicos que são derramados sobre um pedaço de vidro transparente e então levados até a câmera, tendo depois que ser revelados imediatamente.

Esse processo demanda uma produção totalmente artesanal, cada fotografia demora horas para ser realizada, precisa da atenção total na sua criação, não pode ser duplicada de forma idêntica, tem materialidade e existência física, é delicada, rara, preciosa e absolutamente única.

A prática do Cólodio vem sendo pesquisada por nós há cerca de 6 anos, em 2019 começamos a obter os primeiros resultados satisfatórios. Isso nos motiva e nos entusiasmas a reunir em um trabalho a relevância humanista de manter viva a memória da tragédia com a delicadeza e o valor histórico-artístico de umas das técnicas fotográficas mais importantes da história da fotografia. Pensamos que com isso, conseguiremos produzir um relato poderoso sobre algo que não pode ser esquecido nem limitado à nossa cidade.

OBJETIVOS

• retratar de forma autoral através da técnica do colódio úmido, os sobreviventes, os familiares das vitimas e outros envolvidos na tragédia;
• somar à outras iniciativas que promovem o debate na sociedade e ajudam a manter a memória da tragédia;
• ampliar a voz dos sobreviventes e familiares, assim como a visibilidade da tragédia, fazendo circular as imagens produzidas nesse projeto, a partir da inscrição das fotografias em mostras, exposições e concursos nacionais e internacionais;

DINÂMICA DO PROJETO

O projeto consiste em realizar retratos com a técnica do colódio úmido de pessoas envolvidas de três maneira na tragédia:

1) os sobreviventes;

2) os familiares das vitimas;

3) pessoas que se envolveram prestando socorro ou que se engajaram na luta dos pais em prol da memória das vítimas.

Todas as fotografias originais serão doadas para a AVTSM ao final do projeto, com a finalidade de serem expostas no futuro centro de memória da tragédia. O projeto tem a ciência da AVTSM,  tendo o apoio da atual gestão que preside a associação.

Convite e colaboração:

O pleno desenvolvimento do projeto depende da participação dos sobreviventes e familiares das vítimas. Os interessados em participar podem entrar em contato pelo e-mail: ricardo@ricardoravanello.com.br, indicando o telefone que faremos o contato agendando a produção da fotografia.